07 janeiro 2013

Ecologista Augusto Carneiro

90 anos com muitas histórias para contar.

Carneiro completou 90 anos em 31 de dezembro - Foto: Cesar Cardia
O ecologista Augusto Cesar Carneiro completou 90 anos no dia 31 de dezembro, mas no dia 5 de janeiro ele foi merecidamente homenageado no local onde ele a muitos anos comparece tradicionalmente: em sua banca na Feira Ecológica da Redenção, onde vende livros e revistas que tem por tema a ecologia, esclarece a população sobre assuntos ligados ao Meio Ambiente e conta muitas histórias sobre o surgimento do movimento ecológico gaúcho, do qual ele é um dos pioneiros.

Augusto Carneiro e Lutzenberger - Foto: arquivo Agapan

“Seu Carneiro”, como muitos o chamam, é a memória viva do movimento ambientalista brasileiro. Nasceu na rua Vasco da Gama e diz que entrou na luta ecológica “por acaso”, lendo as crônicas de Henrique Roessler em jornais. No início dos anos 70 foi apresentado por Hilda Zimmermann, também uma pioneira na defesa da natureza, a José Lutzenberger e em abril de 1971 criaram a pioneira Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN.

Colegas da AGAPAN comemorando com Carneiro - Foto: Cesar Cardia

Logo no início da AGAPAN Augusto Carneiro mostrou ser um dos personagens mais importantes para a difusão das ideias preservacionistas. Num tempo que não existiam as modernas “redes sociais” ele inventou algo fundamental para a divulgar as ideias da entidade, escrevia cartas e bilhetinhos que enviava pelo correio para pessoas que ele julgava que poderiam se interessar pelo tema. Assim fazendo, despertou o interesse para a defesa da natureza de pessoas tanto da capital como do interior de nosso estado. Também enviava correspondências para jornais, políticos, professores e personalidades alertando para a necessidade de proteção ao ambiente natural, muitas vezes com resumos de textos de José Lutzenberger.

TVE fez matéria com o ecologista - Foto: Cesar Cardia

Para nós que atuamos pela preservação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, o “Seu Carneiro” também foi muito importante. No final de 2005 tínhamos muitas dificuldades em divulgar nosso movimento e mesmo com o apoio já formalizado da AGAPAN, NAT-Brasil e Fundação Gaia, atuávamos mais entre as Associações e Movimentos de Moradores de Bairros, não entre os ambientalistas. Certo dia decidimos distribuir nossos panfletos na Feira Ecológica da Redenção e o Haroldo Hugo, um dos integrantes do Movimento, sugeriu passarmos na banca de livros do “Seu Carneiro” para pedir apoio e alguns conselhos. A receptividade foi a melhor possível, pediu desculpas por não poder nos acompanhar por não poder deixar a banca, mas ficou com boa quantidade de panfletos para não apenas distribuir como para explicar melhor o que não estava impresso no panfleto.
Carneiro e sua banca de livros - Foto: Cesar Cardia

Naquele dia nós tivemos certeza que mais pessoas entenderam nossa luta pela preservação das árvores da Gonçalo e que a vitória, sim, era possível.

Muitos foram levar sua homenagem ao pioneiro ecologista - Foto: Cesar Cardia